sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Violões e galáxias

Eu posso ter um grande ninguém, um grande vazio, um grande nada. Posso ter algumas moedas na carteira, alguns cigarros na carteira, alguns rabiscos e canetas na carteira, mas se falta algo na carteira, com toda a certeza, que não cabe nesse mundo, é você, meu querido violão. Aonde eu vou, eu sinto saudade das tuas cordas, dos teus acordes bem auridos, os quais apenas eu consigo dedilhar com a mais perfeita maestria. Até das vezes que tu desafinas eu sinto falta. Posso estar na fila do banco, na parada do ônibus, no assento do ônibus, no churrasco da esquina… Se eu sinto que algo me falta, é você que falta estar por perto.
Eu sei que já bati você de leve algumas vezes, mas eu juro - por tudo que é mais sagrado - que nunca foi de propósito. Eu afirmo, e reitero, que nunca pretendi sequer um arranhãozinho na tua madeira polida e reluzente. E eu sei que esses teus ouvidos de madeira já agonizaram muito nas vezes que eu errei algumas notas, mas nem por isso deixastes de cantar por mim; comigo; e para mim.

(E eu te dedico estas galáxias, eu encomendo-te-as - ainda que errando os oblíquos, ainda que obliquando o que não se obliqua -, eu me ajoelho e coloco-as no teu dedo, sacudo-as e jogo as estrelas aos teus pés. Peço-te em casamento e virtúo-te com todo o brilho que existir nesse universo. Chamo-te, convido-te, imploro-te "Por favor, viva comigo, viva por mim, morra por mim, viva para mim até o fim" não me deixe jamais porque sem te o meu universo não existe e o meu caos todo resiste porque voce e tudo o que eu preciso e sem voce eu me perco me terço eu nem sei quem sou""""""""""""")

Não que tu sejas o único, porque violões eu tenho uns três. E que isso sirva para os três. Eu tenho até uma guitarra. E uma gaita. Mas para eles eu não escrevo nada, porque eu enjôo rapidinho. Então sintam-se queridos.

Porque das galáxias eu tirei a virgem mais bela das belas a mais bela dentre as flores a mais virgem dentre as virgens a mais brilhosa dentre as plêiades a mais perdida das musas a maior musa dentre as musas e a maior fortuna dentre as estrelas e a mais díspar dentre elas. Uma estrela que não apaga, que cabe num violão, e que não cabe numa galáxia.